quinta-feira, 24 de maio de 2012

brasão

sacaste pena
mui farta e plumosa
afiou fincou e com afinco riscou
ponta fina por teu peito,
chiaroscuro de nanquim
afresco de tecido
pulsando na pele
e em mim

te tornou teu eu
vermelho
tão meu


domingo, 20 de maio de 2012

queda

teus lábios furta-cor
ecoando de teu corpo imóvel
ao fim da avenida

entoando desconsolada ode
em vão

e áspero,
o chão


terça-feira, 1 de maio de 2012

fluir

desemboca água morna de março
meio à bruma argentina,
rio abaixo

rochedos de cá e lá,
a guiar o curso d'água
n'um azulado torpor chuvoso
augusta sina,
aquoso véu

timbres de mel
a ecoar ao vale
no jorrar imorredouro
d'um cântico de iara