segunda-feira, 25 de junho de 2012

astróloga

vi teu nome magro
pedindo
no versoanúncio de um
folhetim

sem pudor ou recato
dizia lá, assim

"maria carolina sábia
do céu"

sabia do
céu

maria carolina que lia
as estre
las


quarta-feira, 20 de junho de 2012

a priori

Até os quatorze anos vi poesia como a mais inegável fonte de chatice em sua essência.

Sem paladar, olfato,
ouvido ou libido,
ainda dormia.


quinta-feira, 14 de junho de 2012

quinta-feira, 24 de maio de 2012

brasão

sacaste pena
mui farta e plumosa
afiou fincou e com afinco riscou
ponta fina por teu peito,
chiaroscuro de nanquim
afresco de tecido
pulsando na pele
e em mim

te tornou teu eu
vermelho
tão meu


domingo, 20 de maio de 2012

queda

teus lábios furta-cor
ecoando de teu corpo imóvel
ao fim da avenida

entoando desconsolada ode
em vão

e áspero,
o chão


terça-feira, 1 de maio de 2012

fluir

desemboca água morna de março
meio à bruma argentina,
rio abaixo

rochedos de cá e lá,
a guiar o curso d'água
n'um azulado torpor chuvoso
augusta sina,
aquoso véu

timbres de mel
a ecoar ao vale
no jorrar imorredouro
d'um cântico de iara