sábado, 28 de janeiro de 2012

insight

O trem rubro passa como se saído de um gatilho em fúria.

De cabelo preso em coque malfeito, ela sente gelarem seus ouvidos nus. Caminha com um pouco de pressa, desajeitada sobre os paralelepípedos musgosos, ansiosa para se aquecer no aconchego de casa ao se afastar da plataforma. O sol, supostamente a horário de pino, se encontra tímido por trás de uma muralha de vapor leitoso.

Ao postar-se de frente aos degraus longilíneos da saída da larga construção, como se n'um farfalhar de algo em seu âmago, perde a pressa. Furtividade ida, olha aos lados a fim de entender o ocorrido.

Obviamente, não encontra a resposta no que vê. Transeunte ou pedra lapidada nenhum lhe ilumina ideia.

Olha pra frente enquanto alguns pombos imundos alçam voo, ventania vindo e formando uma auréola de fiapos de seu próprio cabelo ao redor de seu rosto inexpressivo.

Sente como se tivesse deixado algo escapar.

Com o vestido de cor crua balançando de leve ao seu redor, se pergunta apenas se perdeu essa coisinha há pouco ou se deixou o pedaço fugir há mais tempo.

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