teus lábios furta-cor
ecoando de teu corpo imóvel
ao fim da avenida
entoando desconsolada ode
em vão
e áspero,
o chão
domingo, 20 de maio de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
fluir
desemboca água morna de março
meio à bruma argentina,
rio abaixo
rochedos de cá e lá,
a guiar o curso d'água
n'um azulado torpor chuvoso
augusta sina,
aquoso véu
timbres de mel
a ecoar ao vale
no jorrar imorredouro
d'um cântico de iara
meio à bruma argentina,
rio abaixo
rochedos de cá e lá,
a guiar o curso d'água
n'um azulado torpor chuvoso
augusta sina,
aquoso véu
timbres de mel
a ecoar ao vale
no jorrar imorredouro
d'um cântico de iara
sábado, 28 de janeiro de 2012
insight
O trem rubro passa como se saído de um gatilho em fúria.
De cabelo preso em coque malfeito, ela sente gelarem seus ouvidos nus. Caminha com um pouco de pressa, desajeitada sobre os paralelepípedos musgosos, ansiosa para se aquecer no aconchego de casa ao se afastar da plataforma. O sol, supostamente a horário de pino, se encontra tímido por trás de uma muralha de vapor leitoso.
Ao postar-se de frente aos degraus longilíneos da saída da larga construção, como se n'um farfalhar de algo em seu âmago, perde a pressa. Furtividade ida, olha aos lados a fim de entender o ocorrido.
Obviamente, não encontra a resposta no que vê. Transeunte ou pedra lapidada nenhum lhe ilumina ideia.
Olha pra frente enquanto alguns pombos imundos alçam voo, ventania vindo e formando uma auréola de fiapos de seu próprio cabelo ao redor de seu rosto inexpressivo.
Sente como se tivesse deixado algo escapar.
Com o vestido de cor crua balançando de leve ao seu redor, se pergunta apenas se perdeu essa coisinha há pouco ou se deixou o pedaço fugir há mais tempo.
De cabelo preso em coque malfeito, ela sente gelarem seus ouvidos nus. Caminha com um pouco de pressa, desajeitada sobre os paralelepípedos musgosos, ansiosa para se aquecer no aconchego de casa ao se afastar da plataforma. O sol, supostamente a horário de pino, se encontra tímido por trás de uma muralha de vapor leitoso.
Ao postar-se de frente aos degraus longilíneos da saída da larga construção, como se n'um farfalhar de algo em seu âmago, perde a pressa. Furtividade ida, olha aos lados a fim de entender o ocorrido.
Obviamente, não encontra a resposta no que vê. Transeunte ou pedra lapidada nenhum lhe ilumina ideia.
Olha pra frente enquanto alguns pombos imundos alçam voo, ventania vindo e formando uma auréola de fiapos de seu próprio cabelo ao redor de seu rosto inexpressivo.
Sente como se tivesse deixado algo escapar.
Com o vestido de cor crua balançando de leve ao seu redor, se pergunta apenas se perdeu essa coisinha há pouco ou se deixou o pedaço fugir há mais tempo.
domingo, 15 de janeiro de 2012
melhor de duas
já quando criava asco
a essa melancolia fria
pairando em teima
por demasia
tu sutilmente, assim
brotou cá
tal qual ciranda
tu vagalumeou pra cá,
serena
plantou tua alegria na minha
de leve, a rir
porque, oras
quis
sopraste tempero
na minha monotonia
a essa melancolia fria
pairando em teima
por demasia
tu sutilmente, assim
brotou cá
tal qual ciranda
em meio a balanço de parquinho,
cantarolar açucarado
descoordenado, e
ao léu
samba de criança
cantarolar açucarado
descoordenado, e
ao léu
samba de criança
tu vagalumeou pra cá,
serena
plantou tua alegria na minha
de leve, a rir
porque, oras
quis
sopraste tempero
na minha monotonia
domingo, 1 de janeiro de 2012
22:43
ar pesado
tépido terroso
na taverna tal
adentra cá
guria magra vestindo de preto
pisando a passo torto
recolhida
doendo
chama o garçom, diz que quer é beber
o moço
só quer que ela diga o quê
pulsos tensos
o olhar meio aguado
embaçado
ela profere a favorita
rapaz assente e diz que traz
vira pra si
si mesma
o pensamento tentando
(só e apenas) tentando
se desvencilhar do peito
tépido terroso
na taverna tal
adentra cá
guria magra vestindo de preto
pisando a passo torto
recolhida
doendo
chama o garçom, diz que quer é beber
o moço
só quer que ela diga o quê
pulsos tensos
o olhar meio aguado
embaçado
ela profere a favorita
rapaz assente e diz que traz
vira pra si
si mesma
o pensamento tentando
(só e apenas) tentando
se desvencilhar do peito
agora tão gelado
quanto o copo curto ao qual se agarra,
faz de si mercê
a engolir choro
em uma cena tão clichê
sábado, 24 de dezembro de 2011
timidez
dois na rua
ela de sacola na mão
o moço
o moço
lembro que não
na boca do prédio
rapariga de olho apertado
(culpa desse sol)
rapariga de olho apertado
(culpa desse sol)
o arrastar do chinelo
áspero
lá cá lá cá
no negrume dos paralelepípedos
conversa torta
ao ritmo do ondular do ar bafado
palpável
cheio de sol
rapaz de sorriso frouxo
menina de lenço em laço de lado
soltando palavras
gostam-se faz tempo
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
oppum
frio úmido, andares fugazes e sol tímido
como se em uma reviravolta, montanha russa
-finalmente- o aconchegar chegar
em um naco de outono
árvores nuas e tapete nas ruas
adocicada rasgante gelada
urge a serenidade
tosca, marrom, amarelada
olha de esgueio
mistura o vento
ri pra mim
como se em uma reviravolta, montanha russa
-finalmente- o aconchegar chegar
em um naco de outono
árvores nuas e tapete nas ruas
adocicada rasgante gelada
urge a serenidade
tosca, marrom, amarelada
olha de esgueio
mistura o vento
ri pra mim
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